sábado, 31 de dezembro de 2011

Tempo de tolerância

O Centro Holístico Elemental encerra suas atividades de 2011 sugerindo um princípio de atitude para o Novo Ano e para os próximos: a tolerância.
Que, de agora em diante, cada um compreenda que a tolerância é o fio condutor da convivência harmônica.
Que, de agora em diante, cada um perceba os benefícios à saúde física e mental que a prática da tolerância pode nos trazer.
Que, de agora em diante, cada um entenda que tolerância não é sinônimo de passividade; ao contrário, é atitude constante de não aceitar o horizonte estreito e dogmático daqueles que se julgam donos da verdade.
Que, de agora em diante, cada um assimile que tolerância não é medo de enfrentamento; é, na verdade, a coragem de desafiar de peito e alma abertos um mundo onde a incompreensão e a brutalidade imperam e destroem.
Que, de agora em diante, cada um empregue a tolerância como viga mestra na construção do amor, da paz, da compaixão, da harmonia, do saber.
Que, de agora em diante, cada um cultive a tolerância de modo a diminuir um pouco nossas atitudes instintivas e impensadas e aumentar nosso nível de consciência.
Que, de agora em diante, cada um aceite que só a tolerância é capaz de produzir a diversidade, ingrediente fundamental para a evolução humana ao dar-nos a oportunidade de conhecer, analisar e acrescentar ao nosso cabedal de sabedoria alguns tesouros a mais, até então desconhecidos por nossa própria experiência.
Que, de agora em diante, cada um celebre a transcendência que tolerância é capaz de alcançar.
A todos, um feliz Ano Novo; e àqueles que aderirem à idéia de tolerância, feliz Novos Tempos.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Sobre o Natal

Há muito já se tem falado que o Natal, hoje uma festa cristã, foi, na verdade, uma adaptação da festa pagã do nascimento do deus sol, no hemisfério norte. Por volta do terceiro século d. C., um concílio resolveu adotar como data de festejos do nascimento de Jesus de Nazaré o mesmo período usados pelos pagãos como forma de facilitar a conversão desses ao cristianismo.
Com a adoção do cristianismo por Roma e posterior difusão de sua doutrina por todo o mundo ocidental, a data passou a ser comemorada quase que mundialmente.
Independente de sua real origem ou dos destinos buscados em sua criação, o que realmente vale é analisarmos o que e quanto da simbologia esotérica do Natal tem sido preservado e quais os descaminhos que nos tem afastado de seu verdadeiro ensinamento.
É muito comum ouvir dizer que a imposição consumista que a época natalina traz às pessoas desvirtua o sentido da festa, mas a inflexibilidade dogmática também nos afasta de sua real finalidade.
Costuma-se dizer no meio cristão que as pessoas “esquecem do aniversariante” e preocupam-se apenas em festejar e trocar presentes, o que, em partes, não deixa de ser uma queixa verdadeira.
Mas mais do que “lembrar do aniversariante” é preciso fazer do Natal um lembrete de sua mensagem, que deveria estar presente diariamente em nossos atos. Mas do que simplesmente reverenciar o nascimento do messias é dar a oportunidade para que essa concepção de um novo nascimento tenha espaço para acontecer dentro de nós.
Dar a oportunidade de morrer o velho homem para nascer o homem novo; de encerrar um ciclo desgastado e esgotado para abrir um novo ciclo, repleto de possibilidades de evolução e desenvolvimento.
Muito além de reverenciar aquele que passou por esse planeta há dois mil anos é reverenciar a oportunidade de seu renascimento a todo instante dentro de cada um de nós. A possibilidade de nos divinizarmos a cada momento através de nossos pensamentos, palavras e atos.


(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Imagine - Comentário

A música Imagine marcou o início de minha adolescência, quando descobri o conteúdo de sua letra e a semelhança de suas idéias com os meus ideais. Mais do que isso, ao afirmar não ser o único sonhador, John Lennon lembrou-me de que eu também não estava sozinho.
Sua letra retrata bem a concepção do Princípio Agnóstico, onde nada deve ser mais importante do que a harmonia. Nenhuma diferença ou conceito deve sobressair à convivência pacífica e enriquecedora, ao sentido de evolução.
Hoje, depois de muito estudar sobre os grandes luminares da humanidade, vejo que a letra dessa música apenas reproduz seus ensinamentos, embora algumas instituições religiosas encubram a percepção desses conceitos fantásticos com o véu do dogma, das regras e do ritualismo e muitos seguidores tapem seus olhos com a máscara do fanatismo, da pseudo-obediência e da intolerância.
Muitos a consideram utópica, mas penso que a utopia é o salto quântico que nos permite evoluir, mesmo que não atinjamos exatamente o que a utopia espera. Certamente, ao nos aproximarmos dela, criamos condições para darmos mais alguns passos em sua direção num futuro próximo.
Ainda acredito que, um dia, possamos viver sem precisarmos buscar o paraíso, pois compreenderemos que ele está dentro de nós; e que o conceito de inferno será apenas uma vaga lembrança na estante de nossa memória.
Um dia, as limitações das fronteiras, das raças e religiões, mesmo que elas ainda persistam em existir, não serão empecilhos para nos darmos as mãos; e deixem de ser usadas como desculpas ou permissões para subjugar, torturar ou matar.
Um dia, deixaremos de buscar a posição de possuidores e nos daremos por satisfeito ao sermos possuídos pela idéia de fraternidade humana, de convivência pacífica, ao conceito de que não possuímos absolutamente nada, posto que um dia partiremos daqui sem levar sequer o próprio corpo e a própria vida.
Que um dia, a solidão das idéias que antes me afligia se torne o elo estreito de ligação com toda a raça humana e com toda a criação.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Imagine


Imagine não existir paraíso
Será fácil se você tentar
Nem inferno abaixo de nós
Acima apenas o firmamento
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de conseguir
Nada para se matar ou morrer
E nenhuma religião, também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode achar que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você se junte a nós
E o mundo será um só

Imagine não haver posse
Eu me pergunto se você conseguiria
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade da humanidade
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo

Você pode achar que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você se junte a nós
E o mundo viverá como um só

Tradução livre da música “Imagine”, de John Lennon (1971)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Princípio Agnóstico


Antes de explicar esse princípio é necessário compreender o correto significado do termo agnóstico. A expressão vem da palavra gnose, que significa conhecimento. Ao ser precedida do sufixo de negação “a”, concluímos que agnóstico é aquele que não tem conhecimento, ou aquele que admite não alcançar o conhecimento.
Como o termo trata da questão Deus, agnóstico é definido como aquele que, por não conseguir provar racionalmente a existência ou não de Deus, adota uma posição neutra, aceitando ambas as hipóteses como plausíveis.
Estendendo um pouco mais esse significado, agnóstico pode ser aquele que aceita os vários conceitos sobre Deus, que defendem ou refutam sua existência, como possíveis, uma vez que a experiência divina é algo muito subjetivo, longe do alcance da razão lógica e, portanto, uma vivência única e individual.
Não há como provar racionalmente a certeza extraída de sua subjetividade vivida às outras pessoas. Olhar um mapa jamais será igual a percorrer suas estradas e apenas aquele que percorre pode realmente dizer como é o caminho.
O Princípio Agnóstico é ponto fundamental para aqueles que pretendem trilhar a senda do Painel do Desenvolvimento Humano. É aceitar que todos os caminhos podem ser corretos mesmo que se tenha intimamente a certeza da retidão de sua estrada. É compreender que a fase em que se está em sua senda evolutiva não é necessariamente a mesma em que os outros se encontram e que, por esse motivo, a sua estrada é o caminho mais certo apenas para você que alcançou esse ponto de sua caminhada existencial.
Aceitar o conceito de Princípio Agnóstico é tirar o foco da questão caminho certo ou caminho errado e direcioná-lo para a questão maneira certa de percorrer o caminho escolhido.
Como disse Stanislaw Grof em seu livro “A tempestuosa busca do ser”, “...muitas pessoas ficam interessadas na dimensão mística de todas as religiões, percebendo que foi o núcleo místico da própria religião delas que chamou a sua atenção. Podem ver cada fé como um caminho diferente para o mesmo objetivo e desenvolver uma atitude ecumênica e universal, um tipo de espiritualidade planetária”.
Creio que se cada um adotar essa idéia de Princípio Agnóstico ao analisar seu entendimento religioso e o dos outros, ou seja, aceitar que nada pode ser definitivamente provado num assunto cuja subjetividade é o cerne da questão, teremos amplas oportunidades de um entendimento e uma conduta humana muito mais ética e harmoniosa.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Se eu quiser falar com Deus - Comentário


A música de Gilberto Gil lembrada na postagem anterior é uma síntese da idéia elaborada pelo Painel do Desenvolvimento Humano quanto aos caminhos para se conceber o conceito de Deus.
Ao apontar para as várias maneiras possíveis de encontrar Deus, a letra dessa música expõe de forma clara, pelo menos aos meus olhos, das possibilidades de alcançar a compreensão do conceito através dos diversos caminhos, assim como destacou o texto do Painel.
Além disso, apesar de a última frase da música indicar a chance de alcançar algo completamente novo ao final do caminho, em meu ponto de vista, ao reafirmar o “nada” várias vezes seguidas, deixa transparecer sutilmente a probabilidade de não encontrar absolutamente nada realmente em seu término.
Essa é a deliciosa dádiva que um poeta de alto nível consegue nos presentear: alcançar em poucas linhas a síntese de uma grande idéia.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Se eu quiser falar com Deus


Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos dos meus sonhos
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E, apesar do mal tamanho,
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Autor: Gilberto Gil, 1980

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Afinal, em que eu acredito?

Normalmente, cremos ou desacreditamos do conceito de Deus em virtude daquilo que nos foi ensinado ou transmitido e, muitas vezes, não analisamos o que realmente significa a nossa crença ou descrença. Por esse motivo, vale aqui expor os conceitos principais que norteiam esse aspecto de nossas vidas. É uma forma de inciar a compreensão do caminho que escolhemos ou daquele que devemos começar a trilhar a partir de então.
Baseado na explicação dada por Richard Dawkins em seu livro “Deus, um delírio”, vamos apresentar as quatro formas mais comuns de enxergar essa questão.
Primeiramente, temos a crença teísta, ou seja, aquela que acredita na existência de um ser que não só criou como ordenou e cuida de sua obra, principalmente nos aspectos de premiação e punição em virtude das atitudes corretas e dos pecados, concedendo milagre aos bons, tementes e devotos e castigo aos desobedientes e pecadores. As doutrinas ocidentais monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo) baseiam-se nessa maneira de entender Deus.
A outra forma de enxergar o Criador, chamada de deísta, é aquela que justamente o percebe como princípio de tudo, mas que não lhe atribui influência direta na vida das pessoas, sendo o prêmio ou a punição apenas uma conseqüência da maneira que cada um escolhe para adaptar-se às regras definidas quando da criação do Universo e que existirão até o fim dos tempos. São conceitos mais comuns para os orientais e acompanha grande parte dos cientistas não ateus.
Há também aqueles que compreendem Deus como o todo, sendo o Universo a imagem imanente do Deus transcendente. Não há divisão entre Criador e criação, sendo ambos aspectos opostos e complementares de um mesmo princípio. São os panteístas e abrangem a filosofia pagã e parte da filosofia oriental. Assemelham-se muito à idéia politeísta, onde os diversos aspectos da natureza são representados pela figura de um deus, criando um panteão de deuses. Vale lembrar, também, que os panteístas costumam entender que existe uma alma no mundo, geralmente conhecido como Gaia, a mãe terra.
Finalmente, existem aqueles que entendem que a natureza por si só se basta, não necessitando de um ser responsável mantenedor, de um criador ou mesmo de uma representação Dele para existir e são conhecidos como ateus.
Existem, ainda, algumas outras definições, assim como o pantiteísmo, o panenteísmo, o ceticismo, mas que são muito próximas a uma das quatro citadas.
É preciso citar, também, um conceito sobre o assunto que será abordado em uma postagem futura por ser de extrema importância para a idéia do Painel do Desenvolvimento Humano, mas que não pode ser encaixado exatamente em nenhum dos casos acima. É o conceito de agnosticismo, que muitos confundem com ateísmo. Ambos não são a mesma coisa e, por isso, demandam de um texto exclusivo para esse esclarecimento e mais alguns detalhes fundamentais dessa filosofia.
Todos esses olhares sobre o conceito de Deus são meios de o ser humano buscar a evolução. Todos têm seus pontos positivos e negativos, seus acertos e seus erros, e cada um de nós deve, primeiramente, tentar entender um pouco melhor todos eles e sentir qual nos toca mais enquanto humanos buscando um novo patamar de existência.
E, acima de tudo, compreender que um caminho, embora diferente dos outros, não os invalida nem os diminui. Compreender os caminhos também é, antes de tudo, aceitar a diversidade como mola propulsora da evolução. 

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Painel do Desenvolvimento Humano


Partindo do que foi explicado na postagem anterior, vamos falar sobre a idéia de criação de um mapa ou um roteiro para a evolução humana, onde todos os possíveis caminhos possam ser representados, para que cada um tenha a oportunidade de perceber aquele que mais lhe convém ou agrada.
O Painel do Desenvolvimento Humano seria uma espécie de atlas dos caminhos percorridos pelos grades luminares da humanidade, sejam sábios, cientistas ou homens santos, em busca de uma evolução maior, não no sentido tecnológico ou econômico que vemos hoje, já que esta evolução tem uma forte tendência auto-destrutiva, mas no sentido de evolução  humana verdadeira, de relacionamentos com os semelhantes, com o planeta e com o Universo. Aquela compreensão que nos permite saber exatamente onde nos situamos dentro da Criação.
Agrupar em um mesmo painel todos os princípios morais, sejam eles religiosos, científicos ou filosóficos, e estabelecer as melhores rotas que cada um pode percorrer, as semelhanças e as complementariedades que contém cada estrada, enfim, traçar um panorama ético da caminhada humana e uma proposta plural e segura para os passos futuros das pessoas.
Não é uma proposta para substituir aquela em que cada um se encontra, embora isso também possa ser alcançado, mas para reforçar a certeza no sentido de sua caminhada, uma vez que, hoje em dia, muitos são os que perderam o rumo e não sabem exatamente para onde estão indo.
Encontrar-se dentro de sua vida, da história de sua existência é uma das grandes dádivas que o ser humano pode alcançar e o propósito do Painel é dar essa oportunidade às pessoas.
Assim como no Mapa Mundi, é preciso se localizar na esfera de sua existência para compreender o melhor caminho a seguir ou a melhor maneira de chegar e trilhar o caminho que você decidiu seguir. Dessa forma, sua jornada será muito mais iluminada, bem-aventurada e consciente.
É esse o nosso propósito, o nosso objetivo principal!

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sábado, 12 de novembro de 2011

Aspectos da Ética e da Moral

Este texto é o ponto de partida para a idéia de Painel do Desenvolvimento Humano que será postado em seguida e analisada por vários ângulos de agora em diante. A apresentação, embora superficial, do entendimento filosófico sobre os termos Ética e Moral nos trará uma compreensão maior sob os aspectos diversos da busca humana por um sentido maior, seja este conhecido como Deus ou deuses ou apenas uma maior harmonia na convivência humana.
Primeiramente é preciso dizer que a etimologia de ambas as palavras lhe conferem um aspecto de similaridade. O termo latino moris e o termo grego ethos são entendidos como costumes. Mas aos olhos da filosofia, ambos possuem funções diferenciadas.
Moral são as regras de conduta de uma determinada cultura ou de um determinado grupo, enquanto que a Ética é o estudo teórico do conjunto de regras morais das sociedades humanas. O primeiro tem caráter subjetivo e social, enquanto o segundo tem um caráter universal. Seriam a prática e a teoria das atitudes humanas, a ação e o conhecimento.
Afirma-se que a Moral sempre existiu, visto que todo ser humano dotado de razão sabe distinguir o bem do mal no contexto em que vive.
A Ética, por outro lado, surgiu a partir da filosofia clássica na Grécia e serve para investigar e explicar as normas morais isenta da influência dos conceitos de tradição, educação ou hábito, fundamentando-se na lógica e na inteligência. É, por assim dizer, o bom senso do comportamento individual e coletivo.
Podemos concluir que a Moral é o ponto de origem da vida social enquanto que a Ética é o marco divisório da vida intelectual.
A partir desse ponto, passamos a analisar esses termos no aspecto do desenvolvimento humano, em especial, no que diz respeito às doutrinas religiosas e ao embate fé e razão, ou crença e ateísmo.
As instituições religiosas são as guardiãs da tradição, dos costumes e ritos e essa atitude geralmente esbarra nos conceitos morais primitivos de sua criação. Da mesma forma, suas doutrinas filosóficas protegem os dogmas que fundamentam a religião e são eminentemente tradicionais e moralista na grande maioria dos casos.
Até mesmo o conjunto dos membros, apesar de muitas vezes formarem linhas paralelas de atuação dentro do contexto de cada religião, como a Teologia da Libertação no caso da Igreja Católica no Brasil, e de ter parcialmente uma conduta mais voltada à ética, mesmo que contrariando alguns ditames morais por já estarem ultrapassados, ainda assim esbarram no dogmatismo ao qual são subordinados.
Resta, então, o indivíduo, seja ele crente ou descrente, religioso ou ateu, como fonte de evolução humana, voltando ao que já pregava Aristóteles, ao afirmar que o indivíduo é que deveria ser trabalhado.
Portanto, adaptando os conceitos ao ideal do Painel do Desenvolvimento Humano, Moral são os vários caminhos que podem ser percorridos, enquanto que Ética e a maneira de caminhar e o destino que esses caminhos devem levar.
Veremos onde isso realmente quer chegar no próximo texto.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Uma história sobre redenção

Para aqueles que leram as duas últimas postagens e, talvez, julgaram que só consigo ter essa perspectiva positiva da vida graças aos êxitos alcançados nessas histórias, é importante que se mostre o outro lado da moeda.
No auge de seus 42 anos de idade, na fase que poderia ter sido o ápice de sua maturidade, meu irmão mais velho, aquele a quem, na infância, eu chamava de mestre e que me tratava como discípulo, faleceu vítima de um infarto fulminante. Uma depressão persistente durante mais de dois anos e profunda nos últimos meses exauriu-lhe gradativamente as forças e culminou no acidente vascular que o levou de nós. Uma capacidade intelectual incrível sendo vencida pelos labirintos de sua própria mente.
Como herança dessa partida prematura, três filhos ainda bem jovens e uma imensa saudade por parte de seus pais e irmãos.
Li tempos atrás no livro “Quando o sofrimento bater à sua porta”, do Padre Fábio de Melo, que a morte deve ser transformada em redenção por aqueles que ficaram. Redenção no aspecto de redimir os erros sem repetí-los e salvar a memória daquilo que foi aprendido e ensinado por quem partiu. Mais do que ressuscitar os mortos, a redenção deve servir para acordar os vivos.
Tratamos de dar apoio aos três jovens que ficaram nos mais variados aspectos necessários para o desenvolvimento deles. De minha parte, procurei orientá-los em suas caminhadas psíquicas e espirituais, mostrando a eles que a fatalidade era inevitável, mas que era possível torná-la um aprendizado ao invés de um calvário.
E eles aprenderam logo que preservar a memória do pai era, antes de mais nada, não lamentar essa separação precoce e inesperada. Conseguiram transformar seus aprendizados em uma seqüência das coisas que ele havia aprendido e os erros dele em um alerta, tornando-os, de maneira jocosa, em uma lembrança divertida de sua imagem humana imperfeita.
Ainda citando o livro do Padre Fábio de Melo, uma das depoentes afirmou que a morte de seu filho revelou partes da essência dela escondidas nos cantos de seu ser que somente essa dor poderia revelar.
Hoje sei que é fato que os momentos revelam coisas apenas a quem os vive, sejam felizes ou dolorosos. Também nós nos apegamos a essa filosofia, e a cada dia tentamos transformar o pesar de sua partida em uma oportunidade de aprender e ensinar algo novo.
Não é mais o caso de como conviver com essa perda, mas a idéia de o que fazer da vida a partir dela. Deixar a morte sepultada em seu túmulo e levar à redenção as coisas que fizeram a vida dele valer a pena.
Talvez nenhum de nós, ou nossos filhos, ou os filhos de nossos filhos possa ter novamente, em algum lugar ou plano, a oportunidade e o prazer de olhar naqueles sábios olhos ou de receber seu largo sorriso. Mas a semente de sua essência, plantada pelo Criador quando o trouxe a vida, está sendo muito bem cultivada e, certamente, gerará sombras refrescantes, flores perfumadas e frutos doces mesmo àqueles que jamais suspeitarão que um dia ele existiu.
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Duas histórias sobre milagres - Parte II

A maior alegria para um casal que pretende ver sua família aumentada é a confirmação de uma desejada gravidez. E foi assim que ocorreu comigo e minha esposa. No momento em que percebemos que era hora de trazer ao mundo uma nova vida, fomos agraciados com essa notícia.
Mas a gestação, que corria dentro da normalidade, foi interrompida inexplicavelmente de forma abrupta e prematura. Felizmente, mãe e filha sobreviveram.
Contudo, a prematuridade do nascimento cobrou seu preço. Diversas complicações, incluindo um diagnóstico de hidrocefalia e a batalha contra uma infecção generalizada, levaram minha filha mais algumas vezes ao limiar entre a vida e a morte. Foram 73 dias na UTI, mais 8 de internação e algumas ameaças de intervenção cirúrgica em uma paciente sem as mínimas condições vitais de suportá-la.
Novamente a fé, expressa nas preces das pessoas das mais variadas crenças, apareceu como contraponto à dor, ao sofrimento e aos riscos que a situação impunha à vida de minha filha.
E, outra vez, nos vimos na necessidade de transmitir os estímulos corretos ao inconsciente a fim de buscar forças para a recuperação. Além disso, era imperioso que nós, seus pais e únicos autorizados a visitá-la diariamente e sem limite de horas, eliminássemos de nossas almas qualquer réstia de dúvida ou lamentação quanto ao seu restabelecimento e à sua batalha pela vida. Precisávamos que sua essência, puramente inconsciente, compreendesse, acreditasse e cumprisse o processo natural de cura que existe na natureza de todo organismo vivo.
Minha filha venceu uma luta que muitos considerariam perdida já bem antes de seu desfecho!
Venceu graças a enorme perícia da equipe média e do hospital, embora eles próprios tenham admitido, num certo momento, que haviam feito tudo o que estava ao alcance deles e que o resultado já não estava em suas mãos. Chegaram até a insinuar que sua vitória foi um milagre.
Venceu, também, porque eu e, principalmente, minha esposa nos dedicamos incansavelmente de corpo e alma à crença de que era fundamental transmitir a ela a idéia de que poderia sobreviver, mesmo sabendo que seu intelecto era ainda muito jovem para entender o que era dito. Há algo em nós que compreende além das palavras.
Assim como na história de meu sobrinho, três hipóteses plausíveis pairam no ar: milagre, acaso ou atitudes corretas.
Não posso ter a arrogância de afirmar que sei qual das três foi a mais correta, mesmo porque, como foi dito no primeiro texto, cada uma delas talvez teve sua quota de participação no desfecho feliz da história. Porém, pelo papel que me coube nessa trama da vida, creio ter o direito de emitir minha opinião.
Não sei se o acaso teria a competência necessária para superar tantos obstáculos. Somente quem acompanhou essa luta sabe quantas coincidências o destino precisaria juntar para que minha filha sobrevivesse.
Em relação a milagres, não creio que funcionem como presentes que Deus distribui a uns e a outros não, seja ao acaso ou por um propósito ou mérito. Entendo que ser justo é agir de forma igual em todas as situações e essa é uma das características atribuída ao Todo Poderoso.
Penso que milagre é a eterna oportunidade que o Criador nos coloca de usarmos nossa consciência superior para alcançarmos a harmonia da criação e, com isso, conseguir com que o nosso desejo se encaixe perfeitamente na vontade Dele, dessa forma, alcançando o que se costuma chamar de graça ou milagre.
Se deixarmos o aspecto sobrenatural de lado, sem excluir a noção de transcendência, e assumirmos este conceito, em meu ponto de vista, mais natural, creio que os dois casos possam ser vistos como milagres.
Mais do que preservar uma vida, milagre é o nascer de uma nova compreensão sobre sua dinâmica e isso não tenho dúvidas que esses dois casos nos proporcionaram.
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Duas histórias sobre milagres - Parte I


Em junho de 2007, um acidente automobilístico por pouco não transformou meu sobrinho em mais um número nas estatísticas de mortes no trânsito.
As várias lesões provocadas pelo acidente obrigaram os paramédicos a reanimá-lo à caminho do Hospital e um grave traumatismo craniano o deixou internado na UTI por 20 dias, sendo os 10 primeiros em estado de coma.
Com o avanço da medicina, recuperações em casos assim já não são tão incomuns. E outros ainda são os chamados milagres que extrapolam o alcance da medicina. O problema era saber sobre as seqüelas que persistiriam devido ao trauma na cabeça, se ele sobrevivesse.
Pois bem! Hoje, mais de quatro anos depois, praticamente não há seqüelas e sua saúde física é perfeita.
O que sua história difere um pouco da maioria das demais está no ritmo e na qualidade de sua recuperação física e mental. Segundo os próprios médicos, a evolução de seu quadro foi bem mais rápida do que o esperado e, inclusive, bem melhor do que se previa.
O que pode ter sido responsável por essa evolução, então?
Alguns garantem que foi um milagre, já que muitas pessoas rezaram ou oraram por ele. E eu não tenho dúvidas quanto ao poder terapêutico dessas energias emanadas pela fé.
Outros, ao conhecer essa história, podem alegar tratar-se de uma feliz coincidência do acaso.
Mas é preciso que se registre que seus irmãos, responsáveis por cuidar dele durante a convalecência, se encarregaram de tomar algumas medidas, em meu ponto de vista, fundamentais para o sucesso de seu restabelecimento.
Primeiro, tentaram afastar qualquer sentimento de perda, pena ou desespero de suas atitudes e palavras enquanto estivessem com ele, na UTI. Depois, mesmo estando em coma, transmitiram a ele todo o tipo de estímulo psíquico para seu restabelecimento, dentre outras coisas, afirmando acreditar em sua capacidade plena de recuperação. Finalmente, limitaram as visitas à pessoas que estivessem preparadas para lhe falar palavras de conforto e encorajamento, sem o risco de transmitir sugestões negativas ao seu inconsciente, no momento, seu único canal de ligação com o meio.
Milagre, acaso ou atitudes corretas?
Talvez um pouco das três. Porém, sobre as duas primeiras hipóteses pairam duas dúvidas e uma máxima.
Em relação ao milagre, o que nos diferencia das outras pessoas envolvidas nos casos sem sucesso de recuperação que deponha a nosso favor e nos premie com essa dádiva? Será que realmente vivemos de forma tão exemplar a ponto de termos direito a esse prêmio?
Quanto ao acaso, há um ditado popular que diz “sorte tem que acredita nela”. Não bastava esperar; era preciso agir e agir certo.
Talvez seja necessário rever nossos conceitos sobre milagres e acasos para alcançarmos uma maior compreensão sobre a vida que nos cerca.
Não teria sido a atitude positiva e a confiança transmitida ao seu inconsciente o diferencial para o desfecho feliz?
O que você acha?

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Superando a Emergência Espiritual



O mundo tranqüilo à minha volta
está radiante e vivo.
Obrigado por me trazer de volta
ao meu lar maravilhoso!
Sua agradável presença
me dá as boas-vindas,
me aquece,
me envolve
como os braços de um pai amoroso.
Esse lar já conhecido é onde comecei a existir
há tanto tempo.
Tudo aqui está diferente agora,
e tudo ainda é a mesma coisa.

Escrito depois de uma emergência espiritual, extraído do livro “A tempestuosa busca do ser", de Stanislav e Christina Grof

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O poder do emocional e da intuição

Diversas vezes passamos por situações onde alguma coisa dentro de nós parece tentar nos dizer algo sobre a circunstância em que nos encontramos, uma espécie de dica ou conselho de como agir. Isso é o que se costuma chamar de intuição.
Mas se essa conselheira interior pode nos ajudar, por quê não conseguimos acessá-la sempre que quisermos?
O que ocorre é que a intuição é uma manifestação sutil de nossa essência, muitas vezes influenciada por energias que nossos cinco sentidos mais comuns não conseguem captar e, com isso, nosso cérebro nem sempre é capaz de interpretar.
Diversos filtros e barreiras são colocados durante nossa vida, em nosso ego, que acabam por impedir que percebamos certos sinais nos sentidos menos comuns e dificultar que nossos corpos sutis se comuniquem com maior facilidade com os aspectos mais densos de nosso ser.
Talvez você esteja se perguntando: existem outros sentidos além dos cinco que já conhecemos?
Sim. E a natureza nos da facilmente algumas amostras deles: as antenas dos insetos, a linha lateral dos peixes que detectam a movimentação da água, a percepção magnética usada pelos pombos, o sistema de sonar usado pelos morcegos e baleias.
Já em nós, humanos, temos a sensação de frio ou calor, o equilíbrio, sensação de mudança climática, fome e sede, direção, noção de tempo, percepção elétrica, dor e outros mais, perfazendo um total de 21 já reconhecidos. Todos eles estão recebendo constantemente informações que, na maioria das vezes, por não ser habitual ao ser humano, são descartadas.
Vale frisar que os dicionários relacionam a intuição ao instinto e geralmente definem como algo que produz conhecimento imediato, sem a intervenção do raciocínio.
Dessa forma, intuição é algo que não é retido na passagem pelo nosso sensor, o ego.
E quais os aspectos da nossa psiquê constroem essas tais barreiras?
Além da carga excessiva de racionalidade, aquilo que podemos chamar de travas emocionais também interferem nessa leitura sutil.
Lembremos que os aspectos mais densos do ser humano são o físico, o energético, o emocional e o mental. Os dois primeiros são comuns a todos os elementos existentes no cosmo. O emocional, segundo alguns estudiosos, é prerrogativa de todos os seres vivos, em graus diferentes de atuação e influência. Já o mental é desenvolvido em parte dos seres vivos, mas em nós, humanos, seu desenvolvimento é o ponto que nos diferencia das demais criaturas do planeta.
O emocional, portanto, parece ser o ponto em comum mais desenvolvido entre os seres vivos e talvez por isso seja tão fundamental na percepção da intuição e na evolução humana como um todo.
Buscar o equilíbrio emocional é a maneira mais correta de liberar os canais de nossa intuição. E, muitas vezes, para alcançarmos esse equilíbrio é preciso trabalhar com uma técnica que gere um estado emocional profundo, de forma a expurgar os traumas e os medos provocados pelos sustos, problemas e percalços constantes em nossas vidas. É mais ou menos como usar uma gangorra, onde aquilo que pesa de um determinado lado deve ser levado ao extremo para criar impulso de retorno e posterior equilíbrio.
As técnicas de catarse são capazes desse feito. E são elas as principais ferramentas usadas em nosso Centro, baseada no desenvolvimento de vários especialistas já citados em postagens anteriores, como o tcheco Stanislaw Grof.
Deixamos em aberto o convite para conhecer nosso trabalho. Venha!
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A moeda

O discípulo pergunta ao mestre:
– Porque as vezes perdemos as batalhas que lutamos contra nós mesmos?
O mestre pergunta:
– Quando uma moeda é lançada e cai com uma das faces voltadas para
cima, a moeda ganhou ou perdeu?
O discípulo:
– Depende de qual face foi escolhida.
O mestre insiste:
– Não importa a face mostrada, a moeda ganhou ou perdeu?
O discípulo franze a testa, pensa e, meio confuso quase que balbucia, dando de ombros:
– A moeda?... Não sei dizer.
Compreenda que desde que o mundo é mundo ouvimos falar em guerras, que é o lutar para não perder ou, até mesmo, não morrer. Muito ouvimos sobre guerras históricas, mas pouco sabemos sobre as batalhas. Não me refiro às célebres batalhas entre povos inimigos. Refiro-me as lutas travadas nos bastidores dos campos de batalha. As informações elencadas para conhecer melhor o inimigo, seus pontos
fortes e suas fraquezas. Ou ainda, a estratégia estabelecida pelos generais para melhor utilizar seu arsenal e a luta do soldado de menor patente para vencer seus medos.
Se quase nada sabemos sobre esses detalhes que diz respeito a outras pessoas, outras realidades, o que podemos dizer sobre as batalhas que cada ser humano trava consigo mesmo?
Quando perdemos uma batalha para nós mesmos, sempre lembramos da derrota, esquecendo-nos que somos, ao mesmo tempo, vencidos e vencedores, pois se lutamos conosco, perdemos e ganhamos de nós mesmos. Porque então focar apenas nas nossas fraquezas se temos também a força de vencer a nós mesmos?
No caso específico das batalhas que travamos conosco, existe uma linha muito tênue entre a vitória e a derrota. Essa linha é apenas o fio da meada da nossa consciência.
Não podemos nos esquecer que temos dentro de nós o soldado derrotado, mas também o general que foi o artífice da vitória sobre nós mesmos. E se toda vez que nos colocarmos na posição do “nosso soldado” derrotado soubermos aprender com “nosso general”, iremos subir na nossa “hierarquia interior” e seremos agraciados com a “patente” da experiência, primeiramente, depois a do conhecimento, em seguida com a da sabedoria e, finalmente, a da iluminação.
Nas batalhas da vida, se ficarmos na situação de um dos contendores, que contam com o acaso quando a moeda é lançada, sempre nos sentiremos vencedores ou perdedores, dependendo do fator sorte. Se nos colocarmos no lugar da moeda no jogo da vida, não nos importa a face que ficou voltada para o chão, pois saberemos que temos nosso outro lado, o de vencedor. Da mesma forma, deveremos ter prudência para quando a sorte nos sorri, já que não devemos nos esquecer que, por vezes, temos o outro lado inverso “cunhado” em
nós.
(Autor: Paulo Cesar Paschoalini - pirafraseando.blogspot.com)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Crises necessárias

Durante vários séculos a humanidade conviveu com a impotência sobre grande partes das doenças e pragas que, às vezes, dizimavam comunidades inteiras. Também a fome, gerada pelas dificuldades de um modo de vida que padecia à mercê dos humores da natureza, causava grande penar às pessoas.
Incutia-se no pensamento do mundo ocidental que o martírio, tal qual aquele sofrido por Jesus Cristo, era o único caminho para a salvação e a máxima que pregava “o sofrimento como forma de purificação” espalhava-se feito fogo em palha seca por todo o Ocidente.
Mas o advento do desenvolvimento científico e as conquistas alcançadas pela medicina em função desse progresso começaram a mudar esse cenário. Agora era possível desafiar a foice da morte e sair ileso por um longo período durante a vida adulta e a velhice.
Esses fatores, somados à abundância proporcionada pelo novo modo de vida baseado no desenvolvimento industrial gerou a idéia de que o prazer e a felicidade sim é que eram os objetivos da humanidade. O pêndulo invertia seu movimento.
Hoje, vivemos num mundo onde essas duas metas são obsessões tão marcantes que ao menor sinal de crise usa-se um batalhão de recursos para tentar suspendê-la. Remédios, tecnologia, opções de lazer abundantes e outros tipos de fuga envolvem as pessoas em um falso casulo aonde acreditam erroneamente que não precisarão enfrentá-las.
Mas as crises são necessárias!
Não que devamos procurá-las, mas tampouco devemos evitá-las. É preciso vivenciá-las, de preferência apoiados em pessoas com capacidade para ajudá-lo na compreensão de seu propósito, de modo a superá-las e, com isso, dar um ou alguns passos a mais na escalada da evolução espiritual.
Parafraseando o Padre Fábio de Melo em seu livro "Quando o sofrimento bater à sua porta", é preciso acolher a crise sem deixar que ela nos destrua ou tire nossa vontade de viver.
Da maneira como vivemos hoje, fazendo da crise um vilão extremamente perigoso, o maior dos demônios, talvez, acabamos por criar um exército de pessoas despreparadas para suas investidas futuras e que certamente virão.
A crise é uma possibilidade de aprender novos conceitos, novas capacidades e, se bem trabalhada e resolvida, é uma bela chance para uma maior compreensão sobre a vida, o Universo, a criação, e, principalmente, sobre si mesmo.
O mestre indiano Osho, em um de seus discursos, abordou a idéia de que tudo na existência funciona como um pêndulo que hora movimenta-se para um lado, ora para outro. E, ao movimentar-se para um dos lados, gera e acumula energia contrária na mesma proporção de seu deslocamento. Ou seja, o movimento de volta terá o mesmo impulso e a mesma força da trajetória para qual está se dirigindo.
Fugir de toda e qualquer crise, buscar obsessivamente o prazer e a felicidade é empurrar o pêndulo cada vez mais para um dos lados, gerando e acumulando energia para que ele retorne de forma provavelmente catastrófica para o outro lado.
As técnicas de meditação são uma poderosa aliada para atravessar as crises e evoluir com elas, diminuindo seus efeitos nefastos e aumentando os momentos de paz e serenidade. E o estudo filosófico constrói a base de sustentação dessa evolução.
São nesses apoios que nosso Centro procura se especializar e difundir, como forma de contribuir para a evolução do espírito humano.
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nosso fim, nosso começo - Comentário


Continuando a postagem anterior, gostaria de comentar um pouco sobre essa obra de arte de Guilherme Arantes.
Esta música surgiu no final de minha adolescência e começo de minha juventude. Serviu para ajudar a destruir mitos antigos e descartar velhas crenças, dando espaço para o desenvolvimento de novos sonhos e a criação de novos ideais. Mas, acima de tudo, serviu para me fazer olhar para dentro, tentando perceber o que realmente eu era e em que realmente eu acreditava.
O que eu esperava do futuro? Qual era a base de minhas crenças? Quem eram meus heróis? O que eles tinham de real e até onde eles podiam me ajudar? O que é a verdade e até onde podemos compreendê-la? É possível discernir entre o bem e o mal sem atá-los a nossas crenças? Como devo acreditar na lógica vigente e até que ponto ela nos limita? Do que ou de quem realmente eu tenho medo? O que eu acharia em meu avesso? Qual o peso de meu avesso em meu ser?
Descobri que o avesso está mais próximo do direito do que imaginamos. E que todo fim é um novo começo, que também acaba tendo um fim. Percebi que não devo esperar as respostas; devo buscá-las. Compreendi que se a palavra “esperança” for interpretada como “não desistir” ela é válida, mas se for entendida como “aguardar, deixar acontecer”, é um enorme erro. Aprendi que as lendas devem servir para nos ensinar lições e desafios e não para nos ditar regras de conduta.
Pude entender que não deveria aceitar os paradigmas sem antes questioná-los e compreendê-los, ao menos em parte. E que sempre paradigmas novos surgem para substituir os velhos.
Enfim, a arte pode servir para nos acalmar, nos divertir, nos maravilhar. Mas deve servir também para nos fazer transcender nossos limites, aguçar nossas compreensões sobre nós mesmos, redirecionar nossos passos pelos caminhos da vida.
É um dos quatro pilares que sustentam a evolução humana e só tem seu verdadeiro valor se atrelado aos outros três: a ciência, a filosofia e a fé.
Creio que essa composição de Guilherme Arantes seja capaz disso. Ao menos, para mim, foi até além disso: me serviu de inspiração para algumas de minhas importantes decisões.

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nosso fim, nosso começo

Resgate de uma grande poesia musicada de Guilherme Arantes, de 1987, que fez relativo sucesso à época, mas, infelizmente, foi esquecida. Vejam que grande mensagem. Não seria um convite ao auto-conhecimento?


Talvez
O futuro nos prepare uma supresa
Um resgate nesta louca correnteza
Qualquer nave que nos leve
Pelo espaço, encontrar os deuses
Talvez
Um herói venha a surgir por entre as cinzas
Da ruínas se levante e alcance a glória
Na moral da hitória
O mito acabe com a razão
Mas a verdade está acima do bem e do mal
Nossa lógica furada é a arma mais mortal
A raiz de todo o erro
A medida desse medo de mudar e achar o avesso
Nosso fim, nosso começo

É a nossa visão congelada no tempo
Esperando as respostas caírem do céu
Acreditar nas lendas do que virá
É um álibi perfeito e tudo fica como está

Autor: Guilherme Arantes (1987)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Êxtase: o ápice e o fim de um ciclo

Por quê a felicidade não é, nem nunca poderá ser constante? Porque nada pode ser constante, eterno. Algo constante se torna mundano. Um êxtase, um clímax, não pode ser constante, ou perde o sentido. Como você pode reconhecer o clímax como tal se ele estiver sempre presente?
Como pode saber que vive em constante felicidade se estiver nela sempre? Se não puder sentir tristeza, nunca irá saber que esteve feliz.
O oposto sempre será necessário, não apenas para se compreender algo, mas para valorizá-lo também.
É necessário sentir-se triste. É necessário sentir monotonia, angustia, decepção. Não é necessário se entregar a estes sentimentos, mas sim conhecê-los.
A partir deles, se valoriza seu oposto. Portanto, tão importante quanto estar feliz, é conhecer a tristeza também. Se a felicidade for sempre e apenas felicidade, ela perde seu sentido, seu propósito e passa a ser mundana.
Tudo que é constante, perde seu propósito e seu valor. Não que não o tenha, mas deixa de ser notado.
Tome a própria vida como exemplo. A vida é uma constante. Ela ocorre e se mantém e segue até o seu fim. Apesar de seus altos e baixos, a vida, enquanto estamos vivos, é sempre vida, e nada além disso. E por ser constante, poucas vezes notamos a sua beleza, o seu valor.
A vida é uma benção, um milagre. Mas por sua constância, por tê-la sempre presente, não a damos o devido valor. A não ser quando nos aproximamos da morte, seja pela partida de um ente querido, seja por uma doença, seja pela idade.
A partir disso, pode-se concluir que, como tudo mais no universo, a vida também só pode ser completa se conhecermos seu oposto. Apenas assim, poderemos apreciá-la em toda sua plenitude.
Apenas ao conhecer seu oposto, a morte, poderemos saber completamente o que é a vida.
A morte, portanto, é o ponto máximo, o clímax da vida! O momento em que tudo se fecha, onde tomamos o conhecimento máximo do que é a vida, onde ela alcança seu ápice.
Mas como podemos viver esse êxtase se ele se dará apenas na morte? Compreendendo e vivenciando a morte em seus aspectos mais profundos em nosso dia-a-dia. Percebendo que cada ciclo que se fecha é uma espécie de experiência de morte e deve ser celebrado com sua total completude.
Onde a vida deixa de ser uma constante e passa a ser seu oposto, podemos finalmente senti-la em toda sua plenitude.

(Autor: Jean Roberto Paschoalini)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O despertar da consciência


“De repente, tudo parece estar sem sentido! Já não sei mais quem sou, o que faço, porque faço, o que quero. Não sinto o chão sob meus pés e acho que nunca mais o tocarei. Tudo o que fiz e vivi foi em vão e me levaram a um beco sem saída. Quero achar um jeito de fugir disso, mas será que vou conseguir?”
“De repente, percebi que lentamente as coisas estavam tomando seu devido lugar. Tudo parecia ficar mais claro; as cores, mais nítidas. Há algo de bom brotando dentro de mim e me transformando, aos poucos, em alguém melhor. Espero que essa mudança dure para sempre!”
“De repente, notei que as coisas já não se encaixavam mais. Não queria mais continuar naquela rotina meio sem sentido. Teria que haver alguma maneira de passar pela vida compreendendo e vivendo mais seus significados. Não posso acreditar que a vida seja simplesmente nascer e morrer!”
“De repente, uma explosão de êxtase tomou conta de todo meu ser, de meu corpo, minha mente, minha alma. Já não sentia mais a densidade de meu ser. Não havia pensamento, não havia dúvidas, palavras. Só o total e completo encantamento. Era como se eu me expandisse do tamanho do Universo ou como se o Universo inteiro repousasse dentro de mim. Não havia mais separação entre meu eu e Deus!”
O despertar da consciência é algo que não pode ser quantificado ou qualificado, nem mesmo agendado ou prometido. Ele simplesmente acontece! Às vezes, de forma lenta, outras vezes, arrebatadora. Alguns sentem sua agradável chegada, outros, sua dolorosa fúria.
Tudo depende da experiência ou das experiências que o levaram a esse despertar; do estágio em que você se encontra no caminho evolutivo de sua existência; das pessoas que lhe deram e dão suporte; enfim, de uma infinidade de momentos e situações.
Porém, para todos os que viverem esse despertar haverá uma transformação. É o caminho sem volta da evolução do Cosmos, do Universo, da vida, do Criador. Todos nós passamos ou passaremos, em algum momento de nossa existência, por essa metamorfose.
Fugir desse despertar é apenas adiar sua chegada. E quanto mais se foge, mais muralhas terão que ser destruídas, mais trincheiras terão que ser suplantadas dentro de você mesmo para alcançar essa dádiva.
Que tal aceitar esse despertar, ou mesmo procurá-lo, a fim de tornar-se um ser humano mais consciente, mais harmonizado com bailar da existência.
Essa é a nossa proposta!

(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Entrando em Emergência Espiritual


Animada por uma luz tênue
Ela se esforçou por obter mais luz
Até sua matéria se despedaçar,
Libertando-a exuberante.
Agora, flutuando alto,
Tremulando ao Sol,
Ela despreza a Terra.
Entenderá ela, algum dia,
Que a luz também está aqui,
Iluminando a terra,
Seus filhos, amigos e amantes,
Aqui e agora?

De uma mãe cuja filha passava por uma emergência espiritual, extraído do livro “A tempestuosa busca do ser”, de Stanislav e Christina Grof

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Respiração Holotrópica

Dando andamento ao Projeto Prisma, gostaríamos de falar um pouco sobre a principal ferramenta prática de nosso centro, a Respiração Holotrópica.
A base dessa técnica já foi citada na publicação “Técnicas de Meditação – 02” e nela fomos alertados por um de nossos leitores do fato de não termos citado o psiquiatra tcheco Stanislav Grof.
Na verdade, a técnica foi trazida do Oriente e desenvolvida de forma paralela e semelhante por alguns interessados no assunto, como o americano Leonard Orr. Em nosso caso, o contato com ela veio através de uma escola indiana e que a denominava Respiração Circular.
De qualquer forma, os experimentos feitos por esses estudiosos elevaram a técnica a um patamar de grande importância no tratamento psico/físico do indivíduo através da utilização das chamadas forças espontâneas de cura.
Grof é um dos mais entusiastas estudiosos do assunto, agregando à técnica alguns aspectos xamânicos e conhecimentos primitivos dos grandes curandeiros.
A catarse provocada pela técnica pode ser capaz de trazer ao indivíduo curas e compreensões profundas sobre si mesmo, principalmente àqueles que estão passando pelo que Grof chama de Emergência Espiritual.
Em nosso Centro, usamos a técnica para despertar um estado alterado de consciência onde o indivíduo consegue defrontar-se com sua história passada ou com seu universo existencial infinito e, a partir disso, ressignificar os fatos, amenizando traumas, diminuindo dores, curando medos e fobias, compreendendo seus potenciais inatos, enfim, tornado-se mais completo e auto-consciente.
Alguns elementos novos estão sendo adicionados à técnica no intuito de otimizar os resultados e os participantes têm a oportunidade de não só experimentar como também assistir de forma participativa a aplicação da terapia, no intuito de compreender melhor seus efeitos e benefícios.
Esperamos, com isso, alcançar novos horizontes no desenvolvimento humano para nosso grupo e que este leve adiante a mensagem para as pessoas de sua convivência.
Se você também busca algo mais para sua existência, está convidado a conhecer nosso trabalho!
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)