domingo, 1 de abril de 2012

Solidão: a sua natureza interior

A solidão é uma flor,
um lótus florindo no seu coração.
A solidão é positiva, é saúde.
É a alegria de ser você mesmo.
É a alegria de ter o seu próprio espaço.

Meditação significa êxtase na solidão. Só se está realmente vivo quando se é capaz de estar só, quando não se depende de nada nem de ninguém, seja qual for a situação. E porque a solidão pertence a cada um, ela pode permanecer pela manhã, ao entardecer, de dia, à noite, na mocidade ou na velhice, na saúde, na doença. Pode permanecer na vida e também na morte, porque não é algo que esteja acontecendo externamente, é algo que brota em você. É a sua própria natureza, é a sua natureza interior.

Uma jornada interior é uma viagem para a solidão absoluta. Não é possível levar ninguém junto, não é possível compartilhar o seu centro com ninguém, nem mesmo com a pessoa amada. Não está na natureza das coisas e não há nada a fazer a respeito disso. No momento em que entramos em nós mesmos, todas as ligações com o mundo exterior são rompidas, todas as portas são fechadas. O mundo inteiro desaparece.

É por isso que os místicos dizem que o mundo é maya, uma ilusão. Não é que não exista, mas, para aquele que medita, aquele que entra, é como se o mundo não existisse. O silêncio é muito profundo - nenhum ruído penetra nele. A solidão é tão funda que é preciso ter coragem. Mas da solidão explode o êxtase. Dessa solidão surge a sensação de Deus.

O seu eu verdadeiro
A meditação nada mais é que um dispositivo para fazer com que você perceba seu verdadeiro eu, aquele que não é criado por você, que não precisa ser criado por você, o qual você já é. Você nasce com ele. Você é ele! Ele precisa ser descoberto. A sociedade não quer permitir que isso aconteça, porque o eu verdadeiro é perigoso: perigoso para a Igreja estabelecida, para o Estado, para a multidão, para a tradição, porque, uma vez que um homem conhece o seu eu verdadeiro, ele se torna um indivíduo. Deixa de pertencer à psicologia da multidão e não é mais supersticioso. Não pode ser explorado nem conduzido como gado, não pode mais ser forçado e comandado. Viverá de acordo com sua luz, de acordo com sua própria interioridade, e sua vida terá uma beleza e uma integridade imensas. É isso o que a sociedade teme.
as pessoas integradas se tornam indivíduos e a sociedade não quer que você seja um indivíduo. Em lugar da individualidade, a sociedade o ensina a ter uma personalidade. Esta palavra precisa ser entendida: sua raiz vem de persona, que significa máscara. A sociedade lhe dá uma falsa idéia de quem você é; lhe dá apenas um brinquedo ao qual você se agarra durante toda a sua vida.

Segundo Osho, quase todos estão nos lugares errados. Aquele que seria um médico imensamente feliz é um pintor e aquele que seria um pintor imensamente feliz é um médico. Ninguém parece estar no seu devido lugar e por isso nossa sociedade está tão confusa. As pessoas são dirigidas pelos outros e não pela sua própria intuição.
A meditação o ajuda a cultivar a faculdade intuitiva. Fica muito claro o que poderá preenchê-lo, o que irá ajudá-lo a florescer. Seja o que for, vai ser diferente para cada indivíduo, pois este é o significado da palavra: cada um de nós é único. Buscar a sua singularidade é uma grande emoção, uma grande aventura.


Fonte: Livro "Primeira e última liberdade" por Osho (ed. sextante)