terça-feira, 19 de maio de 2009

trecho do livro "sociedade dos sete caminhos"



O misterioso envelope


A campainha tocou antes das nove horas. Embora eu estivesse acordado, ainda não havia me levantado da cama. Estava curtindo um pouco mais daquele resto de descanso numa manhã de sábado. Era um dos poucos horários livres que tinha durante a semana, em meio ao estágio e à faculdade.
Ao abrir a porta da rua, notei um envelope tamanho ofício jogado no abrigo.
Era estranho! O correio não costumava passar aos sábados e havia a caixa de correio para ser colocada a correspondência. Além disso, o carteiro só apertava a campainha quando havia alguma encomenda grande para ser entregue; do contrário, apenas colocava a carta na caixa, sem se incomodar em avisar-me.
Fui até o portão para tentar enxergar alguém que pudesse ter feito a entrega. Olhei para todos os lados, prestei atenção especial na praça em frente à minha casa, mas nada. Não havia ninguém! “Talvez seja um daqueles pedidos de colaboração financeira para tal instituição, dizendo que passará pegar o envelope amanhã”, pensei.
Quando peguei a estranha entrega para examinar percebi que não havia selo ou qualquer carimbo que denunciasse sua origem e o peso evidenciava que a encomenda continha algo mais do que papel. Notei que havia impresso no lado onde deveria estar o remetente um símbolo em marca d'água. Era um heptágono com a figura de um homem em pé, as pernas juntas e os braços esticados na horizontal, segurando com cada uma das mãos aqueles pratos de balança pendurados em correntes. No prato esquerdo havia uma serpente e no direito, uma cruz. Em cada um dos sete ângulos internos havia um pequeno símbolo, todos eles diferentes. Não havia remetente. Do outro lado, o invólucro estava lacrado com um selo do tamanho de uma moeda grande, contendo o mesmo desenho. Também não havia destinatário.
“Será que é realmente para mim?”, questionei-me. Havia estudado algumas coisas sobre simbologia, já que história era um curso que permitia e, às vezes, exigia tal conhecimento, principalmente em se tratando das civilizações antigas. Mas nunca tinha visto aquele símbolo. Nem mesmo em livros sobre as escolas de mistério da Antigüidade lembrava-me de ter estudado algo como aquelas figuras.
“Acho que terei que levar para o Christian dar uma olhada nisso aqui no encontro de amanhã. Provavelmente ele saiba do que se trata”, conclui.
Entrei para a sala e, após certa hesitação, resolvi abrir o envelope, acreditando ser eu o “destinatário oculto” dele. Usei todo o cuidado possível para não danificá-lo e nem ao selo. Para minha surpresa, dentro havia um medalhão também em forma de heptágono e um papel semelhante os antigos papiros.
O medalhão tinha uns doze centímetros de diâmetro e uns três milímetros de espessura e tanto ele quanto a corrente onde estava pendurado eram feitos de um metal escuro como o bronze, porém leve. De um dos lados, em meio a uma fina moldura, existia em relevo e no centro do medalhão a representação de um homem com trajes provavelmente orientais sentado em posição de lótus, tendo sobre ele o abrigo de uma árvore frondosa e abaixo dele, da esquerda para a direita, algumas pedras em forma de ziguezague como se fossem passos. Do outro lado, o medalhão tinha a palavra Udaya gravada em superfície lisa. Aquela figura não era estranha, mas não conseguia lembrar-me o que poderia representar.
No papiro havia algo escrito:




Conhecerá a existência dos Sete Caminhos aquele cujos anseios incluam a busca pelo crescimento pessoal e espiritual.
Descobrirá o rumo dos Sete Caminhos aquele cujas virtudes manifestem a dedicação, a honra, o altruísmo e a benevolência.
Percorrerá a estrada dos Sete Caminhos aqueles cujo caráter abranja a serenidade, a dignidade e a humildade.
Alcançara o portal da Sociedade dos Sete Caminhos aquele cujas caminhadas revelem sabedoria.
Atravessará o portal da Sociedade dos Sete Caminhos aquele que compreender para que fora Enviado.




A mensagem causou-me muita estranheza. Por um instante pensei tratar-se de alguma charada enviada por um dos meus antigos amigos. Certa vez, havíamos planejado fundar um clube onde os membros iriam criar enigmas e enviar aos demais. Aquele que solucionasse primeiro ganharia pontos e o membro de maior pontuação permaneceria como presidente do clube enquanto liderasse a pontuação. Mas a idéia não havia saído do papel e isso já havia ocorrido há anos, quando ainda éramos garotos sonhadores. Além do mais, havia o medalhão.
Pensei, depois, tratar-se de alguma seita, alguma sociedade secreta, alguma escola de mistérios... mas não cheguei a nenhuma conclusão plausível.
Realmente, precisaria da ajuda de Christian para decifrar a mensagem e entender para quê serviria o medalhão que a acompanhava.




(Autor: Alex Francisco Paschoalini)

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