sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Êxtase: o ápice e o fim de um ciclo

Por quê a felicidade não é, nem nunca poderá ser constante? Porque nada pode ser constante, eterno. Algo constante se torna mundano. Um êxtase, um clímax, não pode ser constante, ou perde o sentido. Como você pode reconhecer o clímax como tal se ele estiver sempre presente?
Como pode saber que vive em constante felicidade se estiver nela sempre? Se não puder sentir tristeza, nunca irá saber que esteve feliz.
O oposto sempre será necessário, não apenas para se compreender algo, mas para valorizá-lo também.
É necessário sentir-se triste. É necessário sentir monotonia, angustia, decepção. Não é necessário se entregar a estes sentimentos, mas sim conhecê-los.
A partir deles, se valoriza seu oposto. Portanto, tão importante quanto estar feliz, é conhecer a tristeza também. Se a felicidade for sempre e apenas felicidade, ela perde seu sentido, seu propósito e passa a ser mundana.
Tudo que é constante, perde seu propósito e seu valor. Não que não o tenha, mas deixa de ser notado.
Tome a própria vida como exemplo. A vida é uma constante. Ela ocorre e se mantém e segue até o seu fim. Apesar de seus altos e baixos, a vida, enquanto estamos vivos, é sempre vida, e nada além disso. E por ser constante, poucas vezes notamos a sua beleza, o seu valor.
A vida é uma benção, um milagre. Mas por sua constância, por tê-la sempre presente, não a damos o devido valor. A não ser quando nos aproximamos da morte, seja pela partida de um ente querido, seja por uma doença, seja pela idade.
A partir disso, pode-se concluir que, como tudo mais no universo, a vida também só pode ser completa se conhecermos seu oposto. Apenas assim, poderemos apreciá-la em toda sua plenitude.
Apenas ao conhecer seu oposto, a morte, poderemos saber completamente o que é a vida.
A morte, portanto, é o ponto máximo, o clímax da vida! O momento em que tudo se fecha, onde tomamos o conhecimento máximo do que é a vida, onde ela alcança seu ápice.
Mas como podemos viver esse êxtase se ele se dará apenas na morte? Compreendendo e vivenciando a morte em seus aspectos mais profundos em nosso dia-a-dia. Percebendo que cada ciclo que se fecha é uma espécie de experiência de morte e deve ser celebrado com sua total completude.
Onde a vida deixa de ser uma constante e passa a ser seu oposto, podemos finalmente senti-la em toda sua plenitude.

(Autor: Jean Roberto Paschoalini)

2 comentários:

  1. Que maravilha! Ler este texto foi a primeira coisa que fiz hoje. Comecei bem meu dia!

    Bjs
    Ana MAria

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  2. Ler esse blog é mesmo uma oportuniddade ímpar, pois acabo me deparando com textos, geralmente do Alex, que nos levam a introspecção.
    Mas saber que outros colaboradores estão sendo "contagiados" pelo Alex a ponto de nos brindar com pérolas como este texto é, de fato, uma maravilha e, penso, gratificante para quem concebeu esse blog.
    É sinal de que as sementes lançadas estão caindo em solo fértil.

    Parabéns e um abraço a todos.

    Paulo

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