Costuma-se acreditar que a Teoria da Evolução, de Charles Darwin, prega que a Seleção Natural é uma eterna competição, onde o mais forte passa seus genes adiante, enquanto os mais fracos sucumbem e desaparecem.
Essa idéia é fruto de uma interpretação superficial da teoria, baseada no senso comum que prega a “lei do mais forte”.
Na verdade, a seleção natural favorece o indivíduo mais adaptado, o que nem sempre significa o mais forte. Conseqüentemente, a noção única de competição para a sobrevivência também é equivocada ou, pelo menos, incompleta.
A cooperação também faz parte das estratégias de sobrevivência e transmissão bem sucedida de genes para as gerações seguintes.
Existem alguns exemplos claros de cooperação na natureza que servem de alicerce para uma boa transmissão genética, conforme expõe Richard Dawkins em seu livro "Deus, um delírio". A cooperação familiar é a mais antiga delas, onde indivíduos de uma mesma família se cooperam mutuamente com o intuito de transmitir os genes familiares, similares ao seu, para as gerações vindouras.
Outro comportamento é aquele que podemos chamar de moeda de troca. Em espécies cujo bando convive de maneira próxima, ajudar seus companheiros significa obter crédito de uma ajuda futura. Mesmo entre espécies distintas existe também esse tipo de comportamento, o mutualismo ou simbiose, como peixes pequenos que se alimentam dos parasitas das espécies maiores e são protegidos por esses, entre muitos outros exemplos conhecidos.
Mas há também o altruísmo espontâneo que serve para melhorar a reputação de um membro no grupo e assim torná-lo mais aprovado e, por conseqüência, mais apto a transmitir seus genes. E há a chamada generosidade conspícua, onde o indivíduo oferece-se para ajuda como uma forma de mostrar-se superior aos demais do grupo. Ele pode por em risco sua vida para ajudar os outros, por isso é mais poderoso e mais aceito.
Até mesmo o parasitismo parece contrariar a idéia de competição, uma vez que o beneficiado, o parasita, normalmente é o mais fraco.
Tudo isso já foi observado pelos biólogos e indica claramente que a cooperação também é uma forma de evolução. E, se analisarmos que essas características estão presentes nas espécies mais recentes, em especial, nos primatas, podemos até levantar a hipótese de que, no futuro, a cooperação será um meio de evolução mais eficiente do que a competição.
Será que não seria hora do ser humano rever seus conceitos sociais e aceitar a cooperação como a forma mais apropriada de vida em comunidade?
Pense nisso!
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)
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