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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Duas histórias sobre milagres - Parte II

A maior alegria para um casal que pretende ver sua família aumentada é a confirmação de uma desejada gravidez. E foi assim que ocorreu comigo e minha esposa. No momento em que percebemos que era hora de trazer ao mundo uma nova vida, fomos agraciados com essa notícia.
Mas a gestação, que corria dentro da normalidade, foi interrompida inexplicavelmente de forma abrupta e prematura. Felizmente, mãe e filha sobreviveram.
Contudo, a prematuridade do nascimento cobrou seu preço. Diversas complicações, incluindo um diagnóstico de hidrocefalia e a batalha contra uma infecção generalizada, levaram minha filha mais algumas vezes ao limiar entre a vida e a morte. Foram 73 dias na UTI, mais 8 de internação e algumas ameaças de intervenção cirúrgica em uma paciente sem as mínimas condições vitais de suportá-la.
Novamente a fé, expressa nas preces das pessoas das mais variadas crenças, apareceu como contraponto à dor, ao sofrimento e aos riscos que a situação impunha à vida de minha filha.
E, outra vez, nos vimos na necessidade de transmitir os estímulos corretos ao inconsciente a fim de buscar forças para a recuperação. Além disso, era imperioso que nós, seus pais e únicos autorizados a visitá-la diariamente e sem limite de horas, eliminássemos de nossas almas qualquer réstia de dúvida ou lamentação quanto ao seu restabelecimento e à sua batalha pela vida. Precisávamos que sua essência, puramente inconsciente, compreendesse, acreditasse e cumprisse o processo natural de cura que existe na natureza de todo organismo vivo.
Minha filha venceu uma luta que muitos considerariam perdida já bem antes de seu desfecho!
Venceu graças a enorme perícia da equipe média e do hospital, embora eles próprios tenham admitido, num certo momento, que haviam feito tudo o que estava ao alcance deles e que o resultado já não estava em suas mãos. Chegaram até a insinuar que sua vitória foi um milagre.
Venceu, também, porque eu e, principalmente, minha esposa nos dedicamos incansavelmente de corpo e alma à crença de que era fundamental transmitir a ela a idéia de que poderia sobreviver, mesmo sabendo que seu intelecto era ainda muito jovem para entender o que era dito. Há algo em nós que compreende além das palavras.
Assim como na história de meu sobrinho, três hipóteses plausíveis pairam no ar: milagre, acaso ou atitudes corretas.
Não posso ter a arrogância de afirmar que sei qual das três foi a mais correta, mesmo porque, como foi dito no primeiro texto, cada uma delas talvez teve sua quota de participação no desfecho feliz da história. Porém, pelo papel que me coube nessa trama da vida, creio ter o direito de emitir minha opinião.
Não sei se o acaso teria a competência necessária para superar tantos obstáculos. Somente quem acompanhou essa luta sabe quantas coincidências o destino precisaria juntar para que minha filha sobrevivesse.
Em relação a milagres, não creio que funcionem como presentes que Deus distribui a uns e a outros não, seja ao acaso ou por um propósito ou mérito. Entendo que ser justo é agir de forma igual em todas as situações e essa é uma das características atribuída ao Todo Poderoso.
Penso que milagre é a eterna oportunidade que o Criador nos coloca de usarmos nossa consciência superior para alcançarmos a harmonia da criação e, com isso, conseguir com que o nosso desejo se encaixe perfeitamente na vontade Dele, dessa forma, alcançando o que se costuma chamar de graça ou milagre.
Se deixarmos o aspecto sobrenatural de lado, sem excluir a noção de transcendência, e assumirmos este conceito, em meu ponto de vista, mais natural, creio que os dois casos possam ser vistos como milagres.
Mais do que preservar uma vida, milagre é o nascer de uma nova compreensão sobre sua dinâmica e isso não tenho dúvidas que esses dois casos nos proporcionaram.
(Autor: Alex Francisco Paschoalini)